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Descubra o Olha!Recife: meu passeio a pé pelo Recife Árabe e suas curiosas influências na cidade

  • Foto do escritor: Danielle Lins
    Danielle Lins
  • 8 de out.
  • 5 min de leitura

Atualizado: há 2 dias

Você sabia que a Prefeitura do Recife tem um programa que oferece passeios gratuitos pela cidade toda semana? Pois é! Eu me aventurei a conhecer o Olha!Recife, um projeto incrível da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife que convida moradores e visitantes a redescobrirem a capital pernambucana sob novos olhares.


Para a minha primeira experiência, escolhi o passeio a pé “Recife Árabe”, que apresenta a influência da cultura árabe na história, arquitetura e nos costumes da cidade.


A presença árabe no Recife

A diversidade cultural do Recife é resultado da passagem de vários povos, e os árabes deixaram marcas profundas que vão muito além da culinária.


Você sabia, por exemplo, que o nome Recife tem origem árabe? Assim como as palavras “alfaiate” (de al-fayyat), “alface” (de al-fasa), “algodão” (de al-qutun), “almofada” (de al-muhadda), “alambique” (de al-inbīq), “almirante” (de amīr al-bahr), “alpaca” (de al-paca), “armazém” (de al-makhāzin), “azulejo” (de al-zulayj), “açúcar” (de as-sukkar), “arroz” (de ar-ruzz), “café” (de qahwa), “chafariz” (de ṣihrīj), “laranja” (de nāranj), “xarope” (de šarāb), “zero” (de ṣifr), “açafrão” (de az-zaᶜfarān), álcool” (de al-kuḥul), “azar” (de az-zahr), “garrafa” (de garrāfah) entre outras.


Outras influências estão em muitos detalhes do nosso dia a dia, basta observar com um olhar atento e curioso:

  • Arquitetura: o uso de azulejos vem do árabe al-zuleycha, que significa “pequena pedra polida”.

  • Música: o pandeiro, tão presente no Nordeste, tem origem no Oriente Médio.

  • Costumes: o hábito de pechinchar nos mercados e a negociação paciente vêm da tradição comercial árabe.

  • Religião: o Recife abriga a primeira mesquita da América Latina, a Mesquita Brasil, inaugurada em 1929.

  • Construção e ventilação: pátios internos, visíveis no Engenho Massangana e em conventos como o de Santo Antônio, e estruturas rendilhadas, como os muxarabis (painel de madeira rendilhado), inspiraram o cobogó, criação pernambucana.

  • Culinária: pratos como kibe, esfiha, charuto, hummus e falafel se tornaram parte da mesa recifense, além do uso generoso de especiarias como pimenta, noz-moscada e canela, e do azeite. Sem falar da tradição árabe de compartilhar a comida, influenciando os costumes locais.


Como participar dos passeios

O Olha!Recife disponibiliza roteiros diferentes a cada semana, e o cadastro é simples: basta acessar o site oficial, fazer login com sua conta Conecta Recife ou GOV.BR, selecionar a data e preencher seus dados (nome, CPF, telefone, e-mail, cidade e estado).Você receberá um e-mail de confirmação, e pronto, é só comparecer no dia marcado!


Os passeios acontecem geralmente às quartas, sextas e nos fins de semana, e há várias modalidades:

  • 🚶‍♀️ Olha!Recife a Pé - Passeio caminhando pelos principais atrativos do Recife.

  • 🚌 Olha!Recife de Ônibus - Realizado aos sábados, em um ou dois ônibus de turismo, conduzido por guias credenciados no Ministério do Turismo, que apresentam a história e a cultura da cidade.

  • 🚲 Olha!Recife Pedalando - Passeio de bicicleta que percorre roteiros da cidade, conduzido por um guia de turismo, permitindo vivenciar os atrativos turísticos ao longo do percurso.

  • Olha!Recife no Rio - Passeio que sensibiliza a comunidade recifense quanto ao cuidado com a cidade, à importância do rio Capibaribe e à história da formação da Várzea do Capibaribe e dos engenhos que deram origem aos bairros das zonas Norte e Oeste.


Eu (na frente), atrás: a guia Cristina (boné), minha mãe Hélida (saia laranja) e Simone
Participantes do passeio Recife Árabe em frente ao Centro Islâmico do Recife: eu, a guia Cristina Schirmer (boné), minha mãe Hélida (saia) e Simone.

Minha experiência no Recife Árabe

No dia e horário marcados, cheguei com minha mãe à Praça do Arsenal, em frente ao Paço do Frevo. O ponto tradicional de encontro é o Posto de Informações Turísticas, vá direto para lá e aguarde o(a) guia.


A guia do dia foi Cristina Schirmer, uma profissional superatenciosa e apaixonada pelo que faz. O roteiro exato só é informado no dia do passeio, já que o site oficial não disponibiliza (e está um pouco desatualizado, um dos pontos negativos).


Normalmente, o passeio segue em direção à Basílica do Carmo, passa pela Estátua do Mascate, Camboa do Carmo (becos), proximidades do Mercado de São José, Ponte da Boa Vista, onde é possível observar a cúpula da Casa da Cultura, Rua da Imperatriz, Praça Maciel Pinheiro e encerra no Centro Islâmico do Recife, na Rua da Glória, no bairro da Boa Vista.


Nesse percurso, é possível observar construções, lojas e armarinhos com influência árabe, como a tradicional Irmãos Haluli, localizada na Rua de Santa Rita, no bairro de São José, uma loja conhecida pelas essências, frascos, artesanato, confeitaria e embalagens. Eles estão entre os primeiros comerciantes do Recife.


Como o grupo era pequeno, apenas três pessoas, todas moradoras locais, Cristina optou por adaptar o roteiro e nos levar diretamente ao Centro Islâmico do Recife, agendado para às 15h.


Durante o trajeto, ela explicou como se deu essa influência árabe, citando as casas conjugadas com portas e janelas lado a lado como reflexo da interferência árabe na organização urbana. Também destacou que a cúpula abobadada da Basílica do Carmo remete à arquitetura islâmica.


Visita ao Centro Islâmico do Recife

Fomos recebidas com muita gentileza pelo diretor de Cultura, Amadou Toure, natural do Senegal e há 25 anos no Brasil, e pela professora Kátia Marinhyoo, secretária do Departamento Feminino.


Conversamos sobre os pilares do islamismo, o significado do Alcorão e os preconceitos que ainda cercam a religião. De acordo com Amadou Toure, o Senegal tem 95% da população muçulmana, mas é considerado um país laico.


O diretor de Cultura do Centro Islâmico do Recife, Amadou Toure, e a secretária do Departamento Feminino, Kátia Marinhyoo, ao lado do grupo após o encontro.
O diretor de Cultura do Centro Islâmico do Recife, Amadou Toure, e a secretária do Departamento Feminino, Kátia Marinhyoo, ao lado do grupo após o encontro.

Kátia explicou sobre as orações diárias, o valor da caridade (Zakat) e as duas principais festas religiosas: o Ramadã e a Festa do Sacrifício (Eid al-Adha), e também compartilhou os projetos que o grupo de mulheres do Centro Islâmico conduz voltados à religião, cultura e educação.


Ao final da visita, ainda ganhamos dois livros: “A Mensagem do Islã” e “Muhammad, o Mensageiro de Deus”, um gesto de acolhimento e partilha.


O Centro Islâmico do Recife, fundado em 1997, é um espaço aberto ao diálogo e à troca cultural. Recebe visitas de estudantes, pesquisadores e pessoas interessadas em conhecer mais sobre o islamismo e suas tradições.



Por que o Olha!Recife vale a pena

O Programa de Sensibilização Turística tem o propósito de fortalecer o sentimento de pertencimento, valorizar as tradições culturais e estimular o turismo sustentável na cidade.Além de gratuito, é uma forma de redescobrir o Recife com outros olhos, o que, para mim, é o verdadeiro sentido de viver aqui.


Eu, como cristã, achei a experiência muito interessante. Foi uma oportunidade de conhecer uma religião diferente, entender seus princípios e admirar o quanto podemos aprender uns com os outros quando o respeito e a curiosidade se encontram.


Confira no vídeo como foi minha experiência no passeio Recife Árabe, pelo programa Olha!Recife.

Um beijo,

fique com Deus e até o próximo post!



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