Um mergulho na história por meio das lentes de Sebastião Salgado
- Danielle Lins
- 3 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de jun.
No último fim de semana, fiz uma pausa na rotina para um programa cultural que recomendo fortemente: fui à CAIXA Cultural Recife visitar a exposição “Gold – Mina de Ouro Serra Pelada", do consagrado fotógrafo Sebastião Salgado. A experiência foi tão potente que rendeu fotos, vídeo no TikTok — e, claro, este relato mais aprofundado aqui no blog Conto & Reconto.

A mostra reúne 54 imagens em preto e branco, marcadas pela força estética e pela carga histórica. As fotografias retratam o cotidiano dos trabalhadores na maior mina de ouro a céu aberto do mundo, a lendária Serra Pelada, localizada em Curionópolis (PA). Os registros, guardados por mais de três décadas, chegam agora ao público nordestino com curadoria e design de Lélia Wanick Salgado, viúva de Sebastião Salgado e sua parceira de vida e de trabalho.
Logo na entrada da galeria, o visitante é impactado por imagens que escancaram a realidade de cerca de 50 mil garimpeiros que viveram, durante mais de uma década, a chamada "febre do ouro". Homens exaustos, cobertos de lama, subindo e descendo encostas íngremes, transmitem com intensidade a dureza de um trabalho marcado por condições precárias, esforços sobre-humanos e sonhos de riqueza.
O que mais impressiona é como Salgado consegue capturar a essência daquele momento histórico sem perder a sensibilidade. As imagens fazem a gente sentir o peso de cada jornada, de cada sonho enterrado na cratera da Serra Pelada. É como se cada fotografia contasse uma história por si só — e escolher uma favorita se torna missão impossível.
Além das imagens, há também a exibição de um documentário de Sebastião Salgado no primeiro andar do prédio. E, na saída, ainda é possível registrar o momento em uma cabine temática montada para celebrar os 13 anos da CAIXA Cultural Recife. Claro que aproveitei para fazer um registro divertido por lá.

A visita à exposição ganhou um significado ainda mais especial diante da recente notícia da morte de Sebastião Salgado, no dia 23 de maio de 2025, em Paris. O fotógrafo mineiro, reconhecido mundialmente por seu olhar sensível e compromisso social, deixa um legado que transcende a arte — é história, é denúncia, é memória. Estar diante de sua obra neste momento foi, além de uma experiência estética, um tributo silencioso à sua contribuição inestimável para o Brasil e para o mundo.
Para mim, que sou jornalista e conheci o trabalho de Salgado ainda na faculdade, reencontrar sua obra agora, tão de perto, trouxe ainda mais sentido à exposição. Foi como revisitar uma referência, mas sob uma nova perspectiva: mais madura e mais consciente.
Sobre Serra Pelada e o fotógrafo
Descoberta em 1979, a mina de ouro de Serra Pelada passou de morro a cratera, e mais tarde, virou um lago. O local se tornou símbolo da exploração mineral no Brasil, reunindo milhares de homens em busca do sonho dourado, entre condições desumanas e vigilância intensa. O material registrado por Salgado permite uma reflexão profunda sobre desigualdade, ganância e resistência.
Sebastião Salgado, nascido em 1944 em Minas Gerais, foi um dos fotógrafos mais respeitados do mundo. Formado em Economia, iniciou a carreira fotográfica em 1973 e percorreu mais de 100 países com sua câmera. É autor de obras consagradas como Trabalhadores, Gênesis e Outras Américas. Seu projeto mais recente retrata a Amazônia brasileira e denuncia as ameaças que os povos indígenas enfrentam em razão da exploração ilegal de recursos naturais.
Serviço
📷 Exposição “Gold – Mina de Ouro Serra Pelada”
📍 Local: CAIXA Cultural Recife – Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
🗓 Visitação: até 29 de junho de 2025
🕒 Horários: Terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h
🎟 Entrada gratuita
🔗 Mais detalhes no site da CAIXA Cultural
Um beijo, fique com Deus e te espero no próximo post!
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