Você faz boas perguntas? Aprenda com dicas práticas do jornalismo
- Danielle Lins
- 9 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 5 dias
Um bom diálogo começa com a pergunta certa
Eu gosto muito de assistir e ouvir podcasts — seja enquanto treino, trabalho ou só passo o tempo, sempre incluo na minha rotina. E, como jornalista, não tem como: eu acabo analisando tudo — desde a entonação até a qualidade das perguntas feitas. Não me considero uma expert, todavia são 10 anos de profissão, que me ensinaram alguma coisa.
Teve um podcast brasileiro que virou assunto nas redes justamente porque o entrevistador não sabia perguntar. Faltava postura, faltava direção, faltava tudo. E aí a gente se pergunta: por que tem tanta audiência?
Não quero aqui dizer que só jornalista sabe fazer perguntas — longe disso! Mas saber perguntar é uma habilidade valiosa que faz toda a diferença em conversas do dia a dia, relacionamentos e até nos negócios. A arte de perguntar pode ajudar a solucionar problemas, construir vínculos e abrir caminhos. E sim, isso dá para aprender.
A importância de saber perguntar
Vi uma matéria recente que trouxe um estudo sobre “A geração Z está matando uma habilidade com mais de 5 mil anos: cada vez escrevem menos à mão”, publicada no Türkiye Today e repercutida pelo Gizmodo Brasil. A escritora Martha Gabriel comentou sobre o assunto em seu perfil no Linkedin:
“A escrita sempre foi mais do que um registro — é uma extensão do pensamento.”
A matéria aponta como a linguagem digital, abreviada e apressada, está comprometendo a clareza, a estrutura e a profundidade da comunicação. E aí, como esperar boas perguntas, se nem a escrita está sendo exercitada com intenção?
Fiquei refletindo sobre como poderia compartilhar algo útil com você, minha leitora (ou leitor também, claro). Saber perguntar é quase uma superpotência — especialmente hoje, em tempos de respostas prontas e distrações em excesso.
O que o jornalismo me ensinou
Uma das primeiras lições que aprendi no jornalismo foi evitar perguntas fechadas. Sabe aquelas do tipo: — Você gosta de podcast? A resposta quase sempre é só um "sim" ou "não", e a conversa morre ali.
A dica é simples e poderosa: formule perguntas que incentivem o outro a desenvolver uma resposta. Por exemplo: — O que mais te atrai em um bom podcast? Ou: — Que episódios te marcaram e por quê?
E quando bater a dúvida sobre como montar uma boa pergunta, recorra à velha e boa técnica do lead jornalístico:
Quem? O quê? Quando? Onde? Como? Por quê?
Essas seis perguntinhas mágicas ajudam não só jornalistas, mas qualquer pessoa que queira entender melhor uma situação ou conduzir um diálogo de forma mais estratégica.
Comunicação vai além da fala
Não dá para ignorar o papel do vocabulário. Ter domínio da língua não significa usar palavras difíceis, mas saber se expressar com clareza. E isso está, sim, ligado à leitura, ao hábito de refletir e à capacidade de interpretar discursos com profundidade — algo cada vez mais raro.
A linguagem da internet — cheia de abreviações, figurinhas, emojis e frases soltas — tem seu lugar. Mas ela não pode ser o único jeito de se comunicar. Como bem destacou Martha Gabriel, essa “linguagem fast” compromete até a nossa capacidade de pensar de forma estruturada.
Conheça quem está diante de você
Outro ponto essencial: saber com quem você está falando. Seja numa entrevista, numa reunião ou até numa conversa casual, tentar entender o perfil da pessoa ajuda a fazer perguntas mais certeiras e intencionais. Uma boa pergunta nasce da escuta ativa e da percepção.
Dica de leitura
Um livro que entrou na minha lista é: A Arte de Fazer Perguntas – O Poder da Interrogação na Criação de Ideias Revolucionárias, de Warren Berger.
O livro mostra como grandes empresas e líderes criativos utilizam perguntas disruptivas para inovar. Segundo o autor, “fazer a pergunta certa pode ajudar-nos a identificar e a resolver problemas, desencadear ideias audaciosas e encontrar oportunidades únicas”. Trecho da descrição adaptado do site da Amazon Brasil.
3 dicas extras para você praticar a arte de perguntar
1. Evite perguntas com julgamento embutido
Às vezes, a gente formula a pergunta já com uma crítica disfarçada. Tipo:
— “Você não acha que essa decisão foi um erro?”
Esse tipo de pergunta fecha a conversa e coloca o outro na defensiva. Agora veja uma alternativa mais acolhedora:
— “Como você avalia essa escolha hoje, com o que sabe agora?”
A mudança de tom abre espaço para a reflexão e convida ao diálogo, sem imposição.
2. Respeite o silêncio entre a pergunta e a resposta
A gente tem mania de querer preencher o silêncio, mas o silêncio é parte da escuta. Pode ser desconfortável, mas é necessário. Não interrompa. Isso atrapalha o fluxo do diálogo. Aguarde. Deixe a pessoa pensar, respirar, elaborar. Uma pausa bem respeitada pode trazer respostas mais sinceras e elaboradas — além de demonstrar respeito pela fala do outro.
3. Escute de verdade para perguntar melhor
Isso parece óbvio, mas não é. Muitas vezes, ficamos tão preocupados em parecer interessantes ou em seguir um roteiro que esquecemos de ouvir. Uma boa pergunta nasce de uma boa escuta. Esteja ali por inteiro, e deixe a próxima pergunta vir naturalmente da resposta anterior. O que a pessoa está dizendo agora pode ser o gancho ideal para uma pergunta mais profunda — e até inesperada.
E você, qual foi a melhor (ou pior) pergunta que alguém já te fez?
Compartilhe sua opinião nos comentários. Vamos continuar essa conversa!
Um beijo, fique com Deus e te espero no próximo post!
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