Influência digital em excesso: Como o consumo por indicação está impactando nossas finanças e emoções
- Danielle Lins
- 20 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 16 de abr.
Você já parou para pensar quanto do que consome é, na verdade, uma influência das redes sociais digitais? Se a resposta for "sim", este post é para aprofundar ainda mais essa reflexão. Se for "não", talvez seja hora de olhar com mais atenção para os hábitos que vêm sendo construídos com o apoio — ou “bombardeio” — do marketing de influência.
Quero deixar claro desde o início: não sou contra o consumo. Gosto de comprar, já comprei muito por impulso e me decepcionei — o produto não era como esperava. Quem nunca, não é mesmo? Sigo muitos influencers, especialmente no Instagram e TikTok. Mas, ao mesmo tempo, sinto a necessidade de discutir os efeitos desse consumo incentivado, constante e, muitas vezes, exagerado.
A proposta deste texto é justamente provocar uma reflexão sobre o que estamos vendo, desejando e comprando nas redes sociais digitais. É preciso questionar: o que está por trás desse consumo desenfreado incentivado por links, cupons e vitrines digitais que parecem não ter fim?
A nova era da influência digital
O crescimento da profissão de UGC (User Generated Content), ou seja, criação de conteúdo gerado por usuários, tem mudado a lógica da publicidade digital. A proposta, a princípio, é positiva: mostrar produtos e serviços com mais autenticidade, no contexto do cotidiano real. E sim, há muitos perfis que fazem isso de maneira sutil, útil e inspiradora.
Por outro lado, vivemos um cenário em que as marcas — sobretudo as de moda e beleza — intensificaram suas parcerias com influenciadores para garantir presença diária na tela dos consumidores. Não é raro ver os mesmos produtos sendo promovidos por diferentes creators, na mesma semana — às vezes até no mesmo dia e horário. O resultado? Cansaço, repetição e excesso de estímulos ao consumo.
Quem nunca pulou stories ao perceber mais uma sequência de publis repetidas? No início, a estratégia pode até parecer eficaz — o produto aparece com frequência, a marca se mantém em evidência. Mas o excesso gera fadiga. A mensagem perde força, torna-se automática, previsível e, muitas vezes, gera desconfiança. Em vez de conectar, afasta. Em vez de inspirar, irrita.
É claro que há criadores que conseguem equilibrar bem o conteúdo com a publicidade. A dica é: valorize quem compartilha experiências reais, com utilidade e propósito — e não apenas mais um link ou cupom de desconto.
A pesquisa sobre o impacto no consumo
Segundo matéria publicada pelo portal Meio & Mensagem, em fevereiro deste ano, com base em pesquisa da Youpix em parceria com a Nielsen, realizada com mil pessoas de todas as regiões e classes sociais do Brasil, entre 30 de setembro e 7 de outubro de 2024:
80% dos consumidores já compraram algum produto recomendado por influenciadores;
71% afirmam estar cansados da quantidade de publicidade nesse formato.
As categorias com maior poder de influência na decisão de compra são:
Beleza (46%)
Moda (39%)
Alimentos e bebidas (29%)
Livros (25%)
Saúde e bem-estar (25%)
Ou seja, a influência é real — e poderosa.
Fonte: Meio & Mensagem
O ciclo sem fim das “novidades”
Acompanho algumas influenciadoras que diariamente compartilham novos itens: roupas, sapatos, perfumes, cosméticos... Muitos desses produtos são similares aos que elas já têm, mas em outras cores, modelos ou marcas. As parcerias mensais com lojas permitem retiradas periódicas de peças, o que mantém seus closets sempre atualizados — e, muitas vezes, abarrotados. Algumas delas vendem os itens em bazares e/ou distribuem entre familiares e amigos.
Acompanhar esses influencers pode até parecer inofensivo — afinal, quem não gosta de uma boa dica? O problema começa quando esse ciclo se torna incessante: lançamentos mensais, produtos que mal foram usados, desapegos recorrentes, closets cheios. Uma engrenagem que gira sem pausas e estimula uma lógica de consumo que, embora atraente à primeira vista, torna-se insustentável — tanto para o planeta quanto para nosso bolso e bem-estar. Um modelo de consumo imediato e descartável, pouco alinhado à sustentabilidade e à saúde emocional.
Um convite à reflexão
Não quero parecer incoerente. Eu mesma comprei um curso de UGC em 2024, pois me interesso por essa área e vejo potencial em produzir conteúdo nesse formato. Mas é justamente por estar por dentro do tema que faço este convite: qual o limite entre a influência e o exagero? Um link ou cupom de desconto justificam a compra? E se esse consumo estiver sendo motivado por gatilhos emocionais e recompensas instantâneas?
Há quem compre para preencher vazios, aliviar o estresse ou apenas por estar imerso em um ambiente digital que nunca para de oferecer algo novo. A pergunta que fica é: até onde esse modelo se sustenta? E a que custo — financeiro, emocional e ambiental?
Não se trata de deixar de consumir — e sim de consumir com mais consciência. De entender nossas motivações. De valorizar o que já temos. De não se deixar levar pelo algoritmo que dita tendências e transforma desejos em urgências.
Consumir deve ser uma escolha, não uma resposta automática a um estímulo externo.
Uma dica prática para fugir do impulso
Um dos hábitos que adotei alguns anos atrás e que tem me ajudado bastante é esperar 10 dias antes de fazer qualquer compra por impulso. Em muitos casos, a vontade passa. Em outros, percebo que o produto realmente faz sentido na minha rotina. Esse tempo de espera funciona como um filtro, ajudando a distinguir o desejo passageiro da real necessidade — até porque, nesse intervalo, acompanho reviews e verifico comentários de outros consumidores na internet.
E você, costuma pensar antes de comprar algo recomendado por influenciadores? Já sentiu o peso desse consumo frequente e repetitivo?
Compartilhe sua opinião nos comentários. Vamos continuar essa conversa!
Um beijo, fique com Deus e te espero no próximo post!
Gostou desse conteúdo?
Clique no coração ao lado, deixe seu comentário e compartilhe com mais pessoas!
Comments