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Foto do escritorDanielle Lins

A escolha de empreender ao lado do pai

Atualizado: 30 de jan. de 2020

Seguindo os passos do pai, Juliana está empenhada para realizar o sonho de ter uma loja especializada em decoração e utilidade doméstica. Crédito: Diêgo Albuquerque Fotografia
Seguindo os passos do pai, Juliana está empenhada para realizar o sonho de ter uma loja especializada em decoração e utilidade doméstica. Crédito: Diêgo Albuquerque Fotografia

Quem vê de fora não imagina, mas administrar o negócio da família não é tão simples, principalmente quando se trabalha ao lado do pai. É o caso de Bruna Juliana da Silva Gomes, de 31 anos, formada em Administração de Empresas pela UFPE. “Pode ter sido mais fácil do que começar do zero por já ter uma estrutura montada. Escolhi empreender porque pensava em ser presente na vida dos meus filhos, se fosse trabalhar em uma grande empresa não teria tanta flexibilidade de horário”, admite.


Casada, tem um casal de filhos, Bruna conta que partiu do pai o incentivo de trabalhar na loja, além da influência da avó paterna. “Meu pai abriu a Juliana Móveis quando eu tinha na faixa de 8 a 9 anos, meus irmãos eram mais novos. Muito disso veio da minha avó, ela começou a vender roupas nas portas à prestação, os nove filhos são agricultores e seguiram o ramo do comércio por incentivo dela. Admiro muito porque na época que ela viveu ser analfabeta e agricultora, ter um ímpeto de começar um negócio”, ressalta.


Com a orientação do pai, Bruna ingressou na loja aos 13 anos. “Ele sempre me ensinou a estudar e a trabalhar para valorizar as coisas porque nada na vida vem fácil. No início eu ficava no caixa, tirava férias das funcionárias do crediário, época de maior movimento na loja fazia carnê, tirava horário de almoço, ficava nas vendas embalando se precisasse, e quando não tinha nada para fazer meu pai dizia: Pegue a flanela e vá para frente da loja limpar as coisas”, relata.


Aos poucos, Bruna tomou gosto pelo negócio, sempre curiosa fazia questão de aprender e estar por dentro do que acontecia na loja. Quando chegou a fase de vestibular já tinha certeza do curso. “Há quatro anos que trabalhava, de manhã estudava e a tarde ia para loja com o meu pai. Isso nunca prejudicou os meus estudos, pelo contrário, me incentivava porque fui criando independência e ficando mais responsável. Fiz Administração já pensando em realmente ficar trabalhando com o meu pai, o curso era à noite para poder trabalhar o dia todo”, detalha.


Há mais de 15 anos no comércio, Bruna se dedica maior parte do tempo no financeiro, na arrumação da loja e compras. “Eu gosto muito de decoração, vou à feiras de móveis para estar sempre atualizada. Hoje a loja tem um ar mais feminino do que quando ele administrava sozinho. Desde o ano passado começamos a se dedicar nas redes sociais, divulgando a loja no Facebook e Instagram. Na verdade um complementa o outro, ele não se afastou da administração da empresa, continua presente até porque ele tem a visão do comércio, a experiência é bem maior”, explica.


De jeito discreto e reservado, Bruna prefere o silêncio e resolver as coisas na conversa. Desde o ano passado descobriu as práticas da Yoga, o que a auxilia conciliar o tempo para si, família e trabalho. “Sou uma pessoa da paz, da tranquilidade, gosto de momentos em família. É difícil ter um tempo para mim, a Yoga tem me ajudado bastante, é um momento que eu consigo me concentrar e conectar comigo mesma. Pois o desafio maior é conseguir ajustar minha vida pessoal com o trabalho, principalmente porque trabalhar com o pai nem sempre é fácil, mas graças a Deus eu e meu pai nos damos muito bem”, comenta.


Numa família de cinco filhos, Bruna diz que os irmãos também contribuem nos empreendimentos familiares. Ela revela ainda que almeja novas conquistas. “A gente fabrica estofados e tem uma fabricação de móveis planejados. Meus irmãos ainda estudam. Um trabalha com painho na fábrica de estofados e minha irmã na fábrica de planejados. Mas meu sonho mesmo é um dia ter o meu próprio negócio, nunca abandonar minhas origens, o meu pai, mas os meus planos é poder ter um negócio voltado mais para decoração, utilidade doméstica. Móveis é um ramo excelente, mas tem que ter estoque, caminhão, montador, motorista, e isso dá trabalho”, confessa.


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