Tudo começou quando Maria do Carmo Freire resolveu vender chocolate caseiro de porta em porta pelas ruas de Vitória de Santo Antão. Logo de início, a aceitação das pessoas não foi a das melhores, rejeitavam o produto e não davam credibilidade por se tratar de chocolate caseiro. “Todo dia eu saia para começar a vender chocolate. Nos primeiros locais aonde chegava, as pessoas recusavam. Eu insistia para que experimentassem, caso não gostassem não precisavam pagar”, relembra Do Carmo.
Casada na época e mãe de duas filhas, Merciana e Renata Freire, que faleceu três anos atrás, Do Carmo explica que criou as duas filhas vendendo chocolate. “Meu marido era caminhoneiro, sempre viveu afastado de casa, era eu para cuidar das meninas, não tinha ajuda de ninguém a não ser do meu pai que morava comigo”. Depois de ficar conhecida na cidade, ela começou a vender em casa e já contava com a ajuda das filhas.
Aos 60 anos, Do Carmo não abre mão de estar presente nas atividades do seu negócio, de prezar pela qualidade dos produtos e de desenvolver variedades de sabores, tanto que dedica seu tempo na produção. “Trabalho o dia inteiro produzindo porque prefiro botar a mão na massa. Contamos com uma equipe de 12 funcionárias, além da minha filha e do meu neto que ficam no atendimento e na administração”, explica satisfeita e realizada.
Filha do chocolate, Merciana Freire, de 41 anos, é quem administra hoje, ao lado do filho Túlio, a Carmo – Um amor de sabor. Com mais de 30 anos no mercado, eles contam com o apoio da consultoria do Sebrae para desenvolver e melhorar cada vez mais a loja. “Túlio teve a ideia de trazer uma consultoria para auxiliar no financeiro, produção e recursos humanos. Todo ano a gente renova essa parceria. Fizemos também o estudo da marca que antes era Carmo Chocolates, muita gente ainda chama assim. Não existe mais o “Chocolates”, é Carmo - Um amor de sabor, pois a gente tem uma variedade muito grande de produtos”, detalha.
Há três anos, Do Carmo se deparou com uma perda irreparável, a morte da filha mais nova durante o trabalho de parto. Ela e a família precisaram de muita força para prosseguir. “Foi muito triste, mas graças a Deus eu vivo por meu trabalho, meto a cara mesmo, porque se eu não trabalhasse acho que não estaria aqui. Renata foi embora, mas nos deixou sua filhinha Maria Helena que hoje mora com a gente”, relata emocionada.
Para Merciana, a escolha de seguir em frente tem sido uma maneira de continuar o trabalho que a irmã se dedicava. “Quando houve o falecimento da minha irmã a gente teve vontade de desistir de tudo porque não tinha sentido sem ela. Não tem como falar da minha história, sem falar de Renata, afinal, minha história é a nossa. Foram nossos sonhos, e é por nós e por ela que continuamos, pois ela é a nossa luz, nossa força, nosso desafio e a nossa eterna superação de amor”, enfatiza com orgulho.
Buscando percorrer o caminho da mãe com determinação e amor pelo que faz, Merciana revela que o maior desafio atual é dar os próximos passos para a abertura de filiais. “Junto com a consultoria eu e Túlio já traçamos um plano de negócio porque temos até lista de pessoas que querem franquia. Mesmo esse desafio não sendo tão simples a gente já vai ampliar aqui a loja, espero que até o final do ano conclua, vamos aumentar o espaço que temos para futuramente abrir filiais”, ressalta.
Diante de uma vida corrida, Merciana procura administrar o tempo com a família e o trabalho. “Uma coisa que eu tenho pregado para minha rotina é colocar amor em tudo que faço. Aprendi que a gente não tem que fazer só o que ama, graças a Deus hoje eu tenho uma profissão que amo muito, por isso que a minha dedicação é tamanha, mas quando eu me sinto desanimada por algum motivo eu penso que preciso colocar amor naquilo que eu vou fazer, não simplesmente amar tudo aquilo que faço. Quando a gente coloca amor em qualquer tarefa que é delegada a nós o resultado é fantástico”, finaliza.
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