![Dona Juliana recorda de cada detalhe da sua história de vida. Crédito: Diêgo Albuquerque Fotografia](https://static.wixstatic.com/media/85f30d_819e39831eda402289c7446393aa7fc6~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_653,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/85f30d_819e39831eda402289c7446393aa7fc6~mv2.jpg)
Natural de Amaraji, dona Juliana Maria da Rocha Melo chegou à cidade de Vitória de Santo Antão, em 1977. Além de cuidar da casa, do esposo e dos 13 filhos, trabalhou como costureira por muitos anos para o sustento da família. Católica fervorosa, criou todos os filhos dentro dos princípios religiosos católicos, inclusive tem um elo muito forte com a Igreja da Bela Vista desde que era uma capela.
Filha de agricultor, dona Juliana teve uma vida difícil e enfrentou a pobreza. Criava animais, fazia farinha com os filhos e vivia carregando balde de mandioca na cabeça. “Foi muita luta nessa caminhada. Com 13 filhos para criar nunca tive uma empregada, minha mãe morreu quando eu tinha 11 anos de idade e minha sogra morava longe, quando as minhas filhas foram crescendo elas iam me ajudando. Meu marido era doente e eu cuidava dele, e assim eu fui vivendo”, descreve.
Aos 88 anos, dona Juliana relembra com afeto a época em que contribuiu, ao lado da comunidade, com a construção da capela de Nossa Senhora Aparecida São João Batista. “Quando a gente chegou aqui não tinha igreja. Depois o padre Renato da Cunha Cavalcante que já faleceu, convidou o povo para fazer uma capelinha. Unimos todo mundo e fomos trabalhar para construir essa capela. A gente carregava tijolos, ajudava a fazer as coisas lá na igreja”, pontua detalhadamente.
Sempre auxiliando na manutenção do templo, dona Juliana relata que quando a capela passou a ser igreja ficou responsável para exercer uma função, mas de início tentou hesitar. “Eu cuidava e limpava a igreja, aí o padre João me convidou para ser ministra da eucaristia, eu fiquei meio assim porque sou muito tímida e não tenho leitura, minha leitura é muito pequena, mas depois de tanta insistência eu aceitei. Passei um bom tempo, graças a Deus, fiquei muito feliz, gostava muito desse trabalho”, ressalta.
Há alguns anos, ela conta que deixou de desempenhar tal função por problemas de saúde. “Uma das minhas filhas sofreu um acidente, quebrou o fêmur e ficou muito mal. Eu também fiquei muito doente e fraca, parei de ser ministra. Já pelejaram para eu voltar, mas digo que estou muito velha. Hoje eu sou zeladora do apostolado da oração e aí vou levando a vida. O lugar que me sinto mais feliz é dentro da igreja, gosto muito das coisas de Deus e Deus me ajuda muito”, declara.
Dona Juliana, viúva há 33 anos, sente saudade da vida de casada, recorda o amor pelo marido e a perda dele. “A gente se amava muito, ele me ajudava a criar os meninos, foi um bom filho, um bom marido e um bom pai. Foi a melhor coisa que fiz, gostei muito da vida de casado. Meu marido era bastante religioso também, foi zelador do apostolado da oração e, assim, a gente criou nossos filhos na religião. Perto de falecer ele tossia e tremia muito. Eu dava comida, banho, fazia a barba, cortava o cabelo dele. Quando ele morreu foi muito ruim, eu tinha 55 anos, a gente passou 35 anos casados”, relata minuciosamente.
Hoje, mais sossegada depois de tantos anos servindo à obra, a fé de dona Juliana ainda é notável e intensa. Continua vaidosa e não gosta de ficar parada, mesmo andando devagarzinho tenta ajudar no que pode. “Hoje em dia o povo se admira porque nessa idade eu me cuido e faço meus serviços dentro de casa, mas eu digo que a força quem me dá é Deus porque de mim mesmo eu não tenho mais força. Na minha vida eu nunca fiz uma coisa para me arrepender, tudo que eu fiz, graças a Deus, foi bom. Trabalhei, lavei roupa de ganho para criar meus filhos, costurava à noite porque eu tinha muito menino para cuidar. Agradeço muito ao meu Deus por Ele ter me dado sabedoria e força para fazer essas coisas”, completa.
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