Persistente e determinada, Maria Cristina Francelino Sena, de 50 anos, é casada, formada em Letras, Artes Cênicas e Artes Plásticas. Há mais de 10 anos trabalha como artista e 24 anos como professora. Ela gosta de opinar, intervir, propor questões ao ambiente social que está inserida, de forma que contribua positivamente ao meio em que vive visando o âmbito coletivo.
Dentre as atividades do dia, Cristina executa diversos projetos de leitura e de arte, faz conexões com pessoas, escolas, já nos finais de semana ou à noite tenta encontrar um espaço para a criação artística dela. “Eu sou técnica de artes e técnica da Secretaria de Educação da GRE Mata Centro, no meu dia a dia acordo cedo, dou formação e recebo alunos onde trabalho”, expõe.
O lado artístico dessa mulher de expressão é evidente e, isso se deve à experiência que adquiriu no grupo Cia dos 10 na carreira como atriz, diretora de teatro, cenógrafa, figurinista e iluminadora. “A Cia dos 10 é uma companhia de teatro fundada em 1999, onde trabalhei por 10 anos fazendo temporadas de teatro aqui e no Recife”, relata. Cristina disse ainda que o trabalho atendia estudantes, professores, idosos com cursos de teatro e pintura, formando vários atores, e dando espaço a espetáculos culturais. “Eu devo grande parte da minha experiência profissional à Cia dos 10 e a todos os profissionais que trabalharam comigo”, ressalta.
Para Cristina, a mulher precisa ter voz no espaço que está inserida, investir numa ideia e acreditar que a sua intervenção no mundo vai contribuir para um mundo melhor, e lá na frente colher os frutos, mas no decorrer dessa jornada se depara com muitos obstáculos. “O desafio é conquistar uma credibilidade, agregar o seu nome às questões de respeito e compromisso, pois é exigido muito da mulher: que ela seja perfeita, uma boa esposa, uma boa mãe, uma boa colega. Daí ela precisa fugir das normas e estereótipos no que é ser mulher e intervir na sociedade como ser humano”, pontua.
É um desafio para essa artista conciliar a vida profissional e pessoal, pois tem uma jornada de trabalho extensa e intensa, a forma que conseguiu administrar o tempo foi escolhendo as prioridades e vendo o que pode fazer e executar. “O tempo da mulher é de tripla jornada mesmo, o tempo todo você é a cuidadora da família, de todos aqueles que estão a sua volta e as pessoas esperam isso de você, então comigo não seria diferente”, conta.
Cristina escreve e recita poesias, preza pela qualidade artística e democratização da arte. Atualmente está com o novo projeto em parceria com o ator Rafael Gustavo: “Aqui e acolá: poemar”, no qual propõe recitar poesias autorais em lugares inusitados como lixões, orfanatos, asilos, presídios. “São 12 poesias autorais divididas em seis minhas e seis de Rafael, a gente já concluiu o processo e colocamos para submeter ao Funcultura”, explica. Ela também integra o grupo literário “Apoema”, onde faz intervenções literárias pela cidade de Vitória de Santo Antão.
Como primeira mulher da cidade de Vitória a se formar em Artes Cênicas, Cristina costuma incentivar as mulheres a terem coragem, firmeza e não ouvir as palavras negativas. “Diga sim para você e faça. Fico feliz por estar aqui como mulher, não é a Cristina atriz nem professora, mas a Cristina mulher que faz”, enfatiza.
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