Escolher a área de Fonoaudiologia não foi a primeira opção de Simonne Sybelle de Lima Silva Pedroso, de 40 anos, ao resolver prestar vestibular. Ainda adolescente ela sonhava em cursar Medicina. “Eu fui observar em um hospital aqui de Vitória o dia a dia de um médico, daí fui vendo que não era muito o meu perfil, mas mesmo assim eu sabia que queria ficar na área hospitalar, já me imaginava trabalhando em um hospital. Pesquisei outras áreas dentro de saúde quando vi essa parte de Fonoaudiologia”, relembra.
Com o incentivo da mãe para correr atrás dos sonhos, Simonne iniciou em 1995 o curso de Fonoaudiologia no Recife, estagiou em alguns hospitais, até que no ano 2000, ao terminar a faculdade, ingressou na Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Vitória de Santo Antão (APAMI). “Quando voltei para Vitória fui à APAMI onde eu trabalho até hoje, pedi às doutoras Socorro e Isla Queiroz, donas do hospital, essa oportunidade. Cada vez mais estou amando a minha profissão, graças a Deus foi o que eu queria dentro da área de saúde”, evidencia.
Casada e com uma filha de 11 anos, Simonne exerce a função de fonoaudióloga há 18 anos. “Na APAMI, a gente trabalha na área de fonoaudiologia com a comunicação em geral e a alimentação. Eu também fiquei na parte hospitalar com pacientes internos que apresentam variadas patologias, trabalhamos muito com dependentes químicos que são diabéticos, hipertensos, pacientes que vão ficando com retardo mental, sequela neurológica e o cognitivo rebaixado”, detalha.
Há dois anos, Simonne integra também a equipe de profissionais do NANI – Núcleo de Assistência Multidisciplinar ao Neurodesenvolvimento Infantil que funciona dentro da APAMI. O projeto é pelo SUS, com atendimento semanal e é referência em Pernambuco. “O NANI iniciou com bebês com microcefalia daqui e de regiões vizinhas. Depois fomos recebendo crianças que apresentavam um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, com síndromes, paralisias cerebrais, retardo mental, dificuldades de aprendizagem que precisavam também de um acompanhamento. De um ano pra cá a gente vem atendendo 30% de crianças com TEA – Transtorno do Espectro Autista”, explica.
O Núcleo de Assistência foi crescendo e hoje atende aproximadamente 260 crianças de 0 a 16 anos. O trabalho é feito por meio de uma equipe multidisciplinar bem diversificada que interage, faz estudo de caso e busca se capacitar. “Temos psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, pedagogo, psicopedagogo, assistente social, neuropediatra, pediatra que também é pneumologista. Agora em parceria com o CAV - Centro Acadêmico de Vitória estamos fazendo um trabalho de nutrição com palestras de alimentação saudável. Estamos sempre buscando o melhor para essas crianças, costumamos dizer que temos 260 filhos”, relata.
Dedicada e tranquila, Simonne reflete o amor à família e à profissão atendendo adultos e crianças sempre com empenho. “É muito corrido, mas é muito gostoso, e eu procuro ser uma boa mãe como a minha mãe foi para mim, uma boa profissional, uma boa esposa, uma boa amiga, e a gente vai tentando fazer o máximo que a gente pode, errando ou acertando, mas dando o máximo que a gente consegue”, ressalta.
Na busca de se atualizar profissionalmente, Simonne está cursando a terceira pós-graduação devido à demanda de casos autistas. “Hoje eu quero investir no trabalho e estimular as mulheres a nunca desistir, correr atrás dos seus sonhos, levantar a cabeça, continuar sendo mãe, esposa, dona de casa, profissional e mulher. Toda profissão se passa por dificuldades, mas a gente tem que seguir o objetivo, olhar o lado bom, os pontos positivos, respirar fundo, dormir, acordar e ver que vale a pena continuar e seguir no barco”, aconselha.
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